sábado, 28 de julho de 2012

origens do refúgio dos sentidos...História local.

Em 1400 foram chamados a Lisboa para reformarem o Convento de S. Francisco em Alenquer cinco irmãos que resolveram tornar as terras em redor de Lisboa, o campo inicial do seu empreendimento de engrandecer a Ordem Seraphica em Portugal, provenientes de uma casa franciscana de S. Thiago da Galiza, Fr. Diogo de Árias, asturiano, Fr. Gonçalo Marinho, Fr. Pedro, Fr. Francisco Sallo e Fr. Garcia de Montaños., começaram fundando o Convento de Santo António da Castanheira e depois procurando constantemente lugares adequados para novas casas, tiveram notícia do sítio do Convento da Carnota.
Quando é referido por João Carlos Henriques os frades são de origem Franciscana, contrapondo, é referido, por assembleia distrital de Lisboa no livro Monumentos e edifícios notáveis do distrito de Lisboa, que os frades seriam capuchos. Aceitam-se as duas designações. Antigo convento de frades capuchos fundado em 1408, é de referir que as datas de fundação surge com oito anos de diferença.
João Carlos Henriques registou a informação contida no livro, o Ex Convento de Sta. Catarina do qual se retiraram algumas informações para o livro distrital de Monumentos e edifícios notáveis.

Alma

Entre a tradição,
e o humanismo,
assim me encontro eu,
onde andas fariseu,
usurpador do Povo,
vem ver quem por fé,
luta pela vida na sociedade.

28-07-2012
Elsa Pereira.





Sou de Alenquer,
não de Santarém, 
nem Vila Franca,
por terras de Ribatejo andei,
deviam acabar com as touradas por lei,
admiro o touro,
pelo seu carácter,
quanto ao humano,
onde está o seu carácter?
O seu humanismo?

28-07-2012
Elsa Pereira





Alenquer terra de Damião de Goes,
humanista de profissão,
levou luz à Europa,
agora escurecida,
por uma cultura envaidecida,
artificial,
e vazia.

28-07-2012
Elsa Pereira.



Os touros são para respeitar,
danças com ele na arena,
faena,
de vida,
se és humano deixa-o em Paz,
e respeita-o como os campinos o fazem,
no campo.

28-07-2012
Elsa Pereira.





De touro tenho a alma,
com coragem me debato,
perante o Humano a fé e leis,
que desconheço, entre os reis.

Festa do Colete Encarnado 2012, Homenagem ao Campino, V. Franca de Xira

A alma de Amália

VARIAÇÕES SOBRE A ALMA
- A ALMA DE AMÁLIA

Amália tinha
para quando viajava
uma mala enorme

mesmo assim
menor que a sua alma

quando saía de viagem
alguém que lhe fazia a mala
- por muito amá-la -
tentava
junto com a roupa
arrumar na mala enorme
a sua alma

só que
por mais que dobrasse
e redobrasse
- e passava horas a dobrá-la -
a alma de Amália
nunca arranjava lugar dentro da mala

motivo de revolta
para quem fazia
- por amá-la-
a mala de Amália

porque achava
que Amália
não devia viajar
com a alma à solta

só Amália sabia
que
mais do que um pano de dobrar
a sua alma
era gémea
de gaivota

De Antonio Saias.

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Raízes e História local




















A divisão do País entre Norte e Sul, e Lisboa, resultou num país descontínuo, do ponto de vista cultural, as próprias características históricas e geográficas assim o permitem. Entre mouros, ou povos do Norte de África e povos oriundos do norte da Europa, situa-se Alenquer, conquistada aos Mouros por D. Afonso Henriques.
Antes da fundação da nacionalidade, porém D. Diogo Arias, frade Franciscano de Galiza, fundou o convento de Sta. Catarina com cinco irmãos, num vale aprazível e local ideal para meditação, onde existia e existe um vale fresco onde a vegetação é tipicamente Mediterrânica e Atlântica, composta por várias espécies de Quercus e híbridos de quercus, com uma flora endémica nos terrenos de cultivo bastante diversa e sazonal, que não vou referir.
O convento de Sta Catarina, mais tarde denominado de quinta da carnota, quando John Apleton Smith, era proprietário,era constituído pelo casario e pelos terrenos agrícolas.
os terrenos agrícolas eram cultivados pelos habitantes da aldeia em conjunto com o proprietário, que entretanto adoptou o nome Português de João Carlos Henriques.
A arquitectura da povoação era e é formada por casas com estrelas de cinco pontas (indicadoras da presença de Judeus), pátios interiores às casas e janelas e portas direccionadas no sentido do nascer do sol, indicam a presença de arquitectura típica do Norte de África, um largo central, largo Pêro da Paciência, com três ruas de que dele derivam indica a presença na época Medieval de povoamento e surgir desta aldeia, de contornos típicos, digna de ser visitada.

Como comecei por referir, o País é um descontinuo um misto de Povos que o habitaram e que deixaram descendência, a evolução ou des-evolução levou ao bombardeamento da cultura Portuguesa por imagens e cultura estrangeira, a modificação dos hábitos alimentares, as políticas de agricultura generalizadas aos Países Europeus com outras características humanas e geográficas conduziu à degradação da paisagem agrícola e alteração dos hábitos da população, que se tornou bem mais artificial, e desprovida de sentido, como encontrando-se perdidas as características que a definem.

Um humano sem raízes culturais, torna-se em algo deambulante e sem princípios de vida e de preservação da continuidade da espécie, cai no ridículo de deixar de ser humano, torna-se uma coisa que é manipulada pelos media ao sabor do vento e do que passa a acreditar, sem espírito crítico e de escolha do caminho certo, para direccionar a sua vida.



















canta e dança

Canta e dança Lisboa entre sapatos de salto,
cuidado, não torças as costas,
do botox, ao bisturi,
é um passo,
vai até ao solário,
e esquece a caparica,
isto de ter bons hábitos,
é só para gente rica.

26-07-2012
Elsa Pereira.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Évora

Poema a Évora

Por ti sofro paixão,
por tuas ruas labirinticas,
por teus monumentos,
unguentos de saudade,
da tua liberdade,
ali ao sol,
não há palavras Évora,
por ti só o meu olhar,
o meu respirar,
o meu sentir,
e o saber,
por te ver e aprender.

26-07-2012
Elsa Pereira.

Poema a Lisboa

Lisboa,
muitos encantos sentem
por uma cidade que perdeu a calma
ao longos dos anos,
como alma sem pátria,
perdeste a tua história inscrita,
na tasquinha da esquina,
na costureira , modista,
que ouvia o pregão à fava rica,
perdeste a sabedoria dos estudantes,
e as delicias dos artistas,
café da esquina,
que as tertúlias proporcionavas,
hoje nadas,
onde se estudava,
entre uma alheira e uma salada,
hoje vês TV,
e andas alheia a tudo e não vês
os teus pés entre sapatos de luxo,
que antes calçavam chinelos,
como António ou Francisco,
hoje faz de ti o que quiser o rico,
até te mascara de cimento os jardins,
onde antes estudava-se poesia e se lia,
Tu não tens culpa Lisboa,
ainda lembras os teus bairros,
como filhos,
de tuas saias de varina,
já não recebes a comida da campina,
mas sim da usina de uma fábrica,
em Lisboa se mantém o ditado,
bem do povo
"Fui à feira comprar uma vaca leiteira,
cheguei a casa era um boi,
olha muge lá esse animal que em Lisboa comem tudo"
que traduzindo,
não, não tem tradução,
com todo o respeito pelo mero cidadão,
ali senti solidão,
entre transeuntes que não se olham...
que correm para os alicerces,
do cimento.

26-07-2012
Elsa Pereira

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Poesia apresentada na primeira e única exposição


Aprendiz de poeta
brinco com as palavras
que outros antes de mim escreveram
em lágrimas e sangue que verteram

como a criança que aprende,
já não são só os jogos que ensinam,
mas os quadros pintados,
com sentimentos suados,
calvários vividos por amores perdidos
e o sofrimento do perdão humano
(demasiado humano), na dor da paixão.

Foi nesta iniciação de ilusão
Que sem querer acabei na solidão,
E as palavras que escrevo são aquelas que aprendi
Entre lágrimas vertidas
Sobre as ilusões vividas (…)
O sentido da dor que não é minha.

José Maria Almeida, in Amo um Anjo. Ed. de autor, 2011.






O tempo que eu hei sonhado
Quantos anos foi de vida!
Ah! Quanto do meu passado
Foi só a vida mentida
De um futuro imaginado

Aqui á beira do rio
Sossego sem ter razão.
Este seu correr vazio
Figura anónimo e frio,
A vida vivida em vão.

O Andaime, Fernando Pessoa.















És melhor do que tu
Não digas nada: sê!
Graça do corpo nu
Que invisivel se vê.



Desligo da minha alma a melodia
Que inventei no ar, tombo das imagens
Como um pássaro morto das folhagens
Tombando se desfaz na terra fria.






Os pássaros começam onde as árvores acabam.

Ruy Belo, algumas proposições com pássaros.


Mas quando eu morrer, só por geometria,
Largando a vertical, ferida do ar,
Façam à Portuguesa, uma alegria para todos;
Distraiam as mulheres, que poderiam chorar;
Dêem vinho, beijos, flores, figos a rodos,
E levem-me só horizonte para o mar.

Vitorino Nemésio, Outro testamento











Acreditai que nenhum mundo, que nada nem ninguém
Vale mais que uma vida ou a alegria de tê-la.
É isto o que mais importa-essa alegria.

Jorge de Sena, carta a meus filhos sobre os fuzilamentos de Goya.









Singra o navio. Sob a água clara
Vê-se o fundo do mar, de areia fina…
Impecável figura peregrina,
A distância sem fim que nos separa.


Por isso te digo
Que vou levar-te o mar
Na concha da minha mão, azulissimo
Para que nele
Descubras o meu nome,
Entre os seixos,
Os búzios, os rostos que já tive.









A Casa
hoje
pela primeira vez acendo o lume em casa

e reparo
que é pela chaminé que sai o fumo
e entra o ar
e melhor se ouvem os pássaros
que chilreiam nos choupos
e se escutam
os automóveis que à distância passam no asfalto

verdade

- a chaminé da casa
é como que uma antena de rádio

se quisesse prescrutar os astros
seria aí que ficaria atento
às mensagens
de nossos camaradas
de Gemini de Andrómeda

por outro lado
parece intuitivo que é pela chaminé
que a casa respira e fala
e diz coisas bonitas e às vezes disparates
e canta quando está alegre
e chora se está triste

perdão
a casa chora pelas janelas

é pelas janelas que a casa chora
se está triste
- com as suas velhas grades ferrugentas
como pestanas orvalhadas
de quem dorme ao relento
mas resiste

pelas portas
é por onde a casa come
e evacua
e deixa entrar o vento
que a limpa de memórias
que a povoam por dentro

transpira pelas paredes
vê-se agora
mal o frio e a chuva se insinuam
escorrendo camarinhas de suor
do cansaço
de um ano de fadiga

os cabelos da casa são as telhas
sob as quais pardais procriam
se divertem
desassossegando a casa como piolhos intratáveis

esta não é a minha casa
como a de Régio
"feita para eu morar nela"

- é a casa possível
fruto um pouco do acaso
como tudo em minha vida

embora eu goste dela
dialogue com ela
como se ela fosse
de todas a minha melhor amiga

António Saias





Já fui aquela que perdeu a Esp’rança
E errou espasmas noutes sem termino,
Entre a treva das selvas pavorosas,
E a que lembrou os tempos de criança!...
E já fui como a sombra da saudade
Amando a Lua pela imensidade!

E a lua para nós os braços estendeu.
Uniu-nos num abraço,
Espiritual, profundo:
Mas ai tu não voltaste
E eu regressei ao Mundo.









E por vezes as noites duram meses
E por vezes os meses oceanos
E por vezes os braços que apertamos
Nunca mais são os mesmos. E por vezes…

Sim à beira do vazio compreendeu o mais importante…
Que só voa quem se atreve a fazê-lo

Luis sepúlveda

Surgiste,
Com água entre as mãos,
E lavaste-me a alma com o coração.
Olhando o infinito ansiei pela vida
Em silêncio disseste mais do que todos os sons do Mundo
Um gato, a água, um deserto de calor.
Sim à beira do vazio entendi o mais importante…

Já de tanto sentir a natureza,
De tanto a amar, com ela me confundo!
E agora quem sou eu? Nesta incerteza,
Chamo por mim. Quem me responde?
O Mundo.

Chamo por mim e a estrela me responde.
Chamo de novo; e diz o mar: Quem  Chama?
E diz-me a flor: Onde é que estás? Aonde?
Vede a sorte terrível de quem me ama.
Se a nossa voz crescesse, onde era a árvore?
Em que pontas, a corola do silêncio?
Coração já cansado és a raíz:
Uma ave te passa a outro país.

Coisa da terra são palavras:
Semeia o que calou.
Não faz sentido quem lavra
Só o não colhe do que amou.

Assim sílaba e folha, porque não
Num só ramo levá-las
Com a graça e o redondo de uma mão?
(tu não te calas? Tu não te calas?!)
A árvore do silêncio

Com uma simples frase e com o teu silêncio e respeito ensinaste-me o que era a liberdade,
E
Com uma simples frase fizeste eu ter coragem
Para pedir que esta exposição acontecesse.

Obrigada















Todo o passado revisto
Uma nova vida começou,
E agora Tu e eu,
E as memórias que nos atraiçoam,
Para quando a paz já atingida no Natal.
Quando o homem se torna dependente do material,
E não do espiritual, entra em conflito,
É tão necessário amar-te Como respirar,
Partilho tudo contigo,
Sabes tudo de mim e respeitas-me,
Aceitas-me como sou,
Partilhamos os mesmos gostos,
Ás vezes sou muito crítica,
Admiro-te,
Admiro a tua capacidade de ouvir e escutar,
De ver e olhar,
A tua sensibilidade,
E capacidade de diálogo.
Admiro-te por seres quem és,
E finalmente descobri que gosto de
Partilhar tudo contigo.
Adoro-te Carlos Loureiro.
Abraço e Beijo.
Mais do que uma exposição a ti dedico
O que me resta da vida.

Em cada homem há uma viagem para um planeta longínquo
José Gomes Ferreira

O tempo que se vive, não importa onde,
É sempre tempo de sermos
É sempre tempo de crescermos
Luísa Costa Pinto

Não foi para morrermos que falámos,
Que descobrimos a ternura e o fogo,
A palavra, a escrita, a doce música.

Jorge de Sena

Não há arte sem Homem, não há Homem sem arte.

E. M. de Melo e Castro






Como se pode comprar ou vender
O firmamento, ou ainda o calor da terra?
Tal ideia é-nos desconhecida.
Se não somos donos da frescura
Do ar nem do fulgor das águas,
Como poderão vocês comprá-los?

Carta do chefe índio Seattle ao chefe branco de Washington.

sábado, 21 de julho de 2012

Alenquer

ilha deserta,
da minha adolescência,
foi aqui que aprendi,
os primeiros passos na ciência,




onde aprendi a ler Camões,
e interpretar desilusões,
onde me senti só,
entre os demais,
enfim sentimentos de uma vida,
banais,
onde desenhei riscos,
rabiscos solitários sem ninguém ver,
perdidos....outros que guardo,
recordações das aulas de desenho,
geométrico e criativo,
recordações dos lanches,
hum, comidinha,
das tostas mistas, Hum,
e dos bolinhos da Fragata,
do jardim, os risos dos amigos e amigas,
espectadora de intrigas,
enfim os rabiscos,
meros riscos, ciscos de uma vida,
refúgio é a minha aldeia como lhe apelido,
entre a ribeira e a eira,
entre o alto e pico,
vale verde de referência, não fosse a minha ciência,
Biologia...e de Humana a Ecologia.



21-07-2012





Elsa Pereira

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Senti, hoje e aqui....

navego só,
em mar salgado,
de lágrimas vertidas,
por ti,
que navegas só,
finalmente,
como disseste,
enfrentaste monstros,
a mim criaste-mos,
fui alavanca,
no teu batel,
carrossel de sonhos,
que giram em torno,
de pressas de viver,
eu já vivi,
a morte,
por isso,
vanglorio-me da sorte,
simples de acordar,
e olhar.
de viver ou sobreviver,
neste mar de querer,
liberdade,
paz e tranquilidade.

21-07-2012
Elsa Pereira.




continuas à procura,
do que queres para a vida,
eu já encontrei,
o meu espaço,
onde desenlaço,
um simples abraço,
à vida,
em tarefas,
que lembram,
promessas,
de vida a dois,
a três,
talvez,
tu amigo,
nunca dês,
tudo o que tens,
ou ficas entre mares salgados,
sem leme,
nem ninguém que reme,
por tua vida,
olha o mar com coragem,
como se fosse um rio,
onde algures está a sua margem.

21-07-2012
Elsa Pereira.



Neste acabar,
e talvez não,
decerto um novo recomeçar,
contigo,
ou sem ti,
devo dizer o que senti,
hoje e aqui.

21-07-2012
Elsa Pereira.


quinta-feira, 19 de julho de 2012

Escrevo para silenciar...

De inúmeras palavras proferidas
Educação é precisa
para enfrentar a ingratidão.

Escrevo para não dizer,
para silenciar
palavras sentidas,
enfim proferidas em silêncio,
não são graves,
mas enclaves de,
poesia,
que senti
um dia.

desenhos a preto e branco e a cor