quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Estado da nação

Alentejo regado
com chuva
é Alentejo encharcado
doce e terno
de gentes diferentes
saudosas e não faustosas
humildes e simples
agora usurpadas e roubadas
sonhos roubados nos seus rostos
sofridos
sentimentos doridos de um povo
que de África tem raízes
deveriam ser-lhes dado trabalho,
sim ordenado equivalente ao trabalho,
sem lhes roubarem mais de metade do ordenado,
sem feriado,
em impostos,
impostos por um estado,
estão a roubar sonhos de uma vida
de um povo que lutou
por este país
ser livre e respeitado
agora escravizado
deixem o povo viver, rir e comer
até o pão
roubam a crianças,
até os sonhos destroem
que querem mais?
pôr-nos na rua de mão estendida
como mendigos de sonhos e de pão
entre a rua e a solidão
sem trabalhar só nos espera
a fome e a loucura
acrescida de pitada de dor,
invento trabalho
mas só apetecia mandar estes senhores,
que tudo isto fizeram
para a profundidade das nossas terras
propor-lhes uma viagem à Júlio Verne
para o fogo da terra,
para o calor do inferno!
Sim porque se havia Paraíso
é por aqui pelas planícies
e cumes de um Portugal que
ao contrário do que se pensa começou no Alentejo.

18-10-2012
Elsa Pereira

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