quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

1º dia de 2013 no interior Alentejano

Novamente guardando cabrinhas,
o pastor ainda ali está,
olhando-as,
vivendo sem ser voyeur,
com Nossa Senhora de Machede,
ali por por perto com a sua ponte,
que a ribeira riacho ou rio,
atravessa,
para local de habitação e culto,
a esta senhora,
mais uma que é sempre a mesma,
a virgem mãe de Cristo,
que assume nomes de acordo,
com as localidades,
com o Natal já passado,
o solstício e a lua cheia,
o fim do mundo mediatizado,
as explosões solares,
e o humano ignorado,
volta um novo ano,
com desejos simpáticos,
percursos de outros bem mediáticos,
e o meu bem enfático,
onde sobressai a paisagem e o humano,
a garça no rio e o verde,
do plano que se estende,
pelo Alentejo interior,
ao longe e ao meu redor,
onde me aventuro,
e perduro,
neste misto de verde e azul,
branco e cal,
água doce e sal,
indispensável para a vida temperar,
e o caminho amenizar,
entre sentimentos,
em atitudes,
longe de palavras usadas,
deturpadoras e deturpadas,
que são tudo o que temos,
nadas,
que nos dizem tanto quando são sinceras,
e nada se austeras,
vindas de que dá com o coração,
e com a mão,
muito mais do que diz,
e escreve,
simplesmente,
sendo quem deve,
cumprindo a seriedade de ser quem é,
sem subterfúgios ou fé,
e se ergue ao volante,
mostrando,
a sua visão do mundo,
aquele onde quero ficar até,
sair do concreto,
e me despedaçar em alimento,
das ervas que crescem,
em jardins humanos,
que deles têm os átomos,
sim, um dia quero ser um átomo,
de uma folha de giesta,
ou oliveira,
correr entre as águas,
percorrendo pedras,
infiltrando-me nas raízes,
que um dia hão-de crescer,
e alimentar crianças felizes,
por aqui por este Alentejo de paisagem eterna,
e morna,
como o dia de hoje que lembrou,
Primavera, na aldeia do Concelho de Alenquer,
aquela onde vivi,
aquela que me viu,
me olhou e criticou mas nunca sentiu,
a não ser por breves momentos,
quando lá olhei o firmamento,
um dia pela mão de quem me amou.

3-01-2013
Elsa Pereira.

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