O Mundo e as raízes numa perspectiva de Ecologia Feminina, o ventre materno como centro do mundo e a origem da vida, o masculino e o feminino presentes na pintura, os tons laranja e azuis remetem para a fertilidade e maternidade e paz.
Acredito que não há mãe no Mundo que goste de ver o seu filho(a) morrer na guerra ou em qualquer outra ocasião.
Afinal somos todos pedacinhos dos nossos pais, e se não existissem mães não existia humanidade simplesmente.
Esta temática está muito presente em todas as pinturas que faço e a mensagem é esta...um ponto de vista sobre a Ecologia Humana do ponto de vista feminino.
Elsa Pereira
hoje
pela primeira vez acendo o lume em casa
e reparo
que é pela chaminé que sai o fumo
e entra o ar
que chilreiam nos choupos
e se escutam
os automóveis que à distância passam no asfalto
verdade
- a chaminé da casa
é como que uma antena de rádio
se quisesse prescrutar os astros
seria aí que ficaria atento
às mensagens
de nossos camaradas
de Gemini de Andrómeda
por outro lado
parece intuitivo que é pela chaminé
que a casa respira e fala
e diz coisas bonitas e às vezes disparates
e canta quando está alegre
e chora se está triste
perdão
a casa chora pelas janelas
é pelas janelas que a casa chora
se está triste
- com as suas velhas grades ferrugentas
como pestanas orvalhadas
de quem dorme ao relento
mas resiste
pelas portas
é por onde a casa come
e evacua
e deixa entrar o vento
que a limpa de memórias
que a povoam por dentro
transpira pelas paredes
vê-se agora
mal o frio e a chuva se insinuam
escorrendo camarinhas de suor
do cansaço
de um ano de fadiga
os cabelos da casa são as telhas
sob as quais pardais procriam
se divertem
desassossegando a casa como piolhos intratáveis
esta não é a minha casa
como a de Régio
"feita para eu morar nela"
- é a casa possível
fruto um pouco do acaso
como tudo em minha vida
embora eu goste dela
dialogue com ela
como se ela fosse
de todas a minha melhor amiga
António Saias
ora muito bem
ResponderEliminarcumplicidade artística de resultados interessantes
beijinho
vamos ver a reação quem nos vê e lê