Chove
Como água dos meus olhos,
Por sentir,
Que não sei,
Quanto tempo me espera de vida,
Quanto tempo mais,
Ente os demais,
Desta vida,
Sentida e sofrida,
Agora que alcancei a paz,
Esperada,
Entre tudo e nada,
Agora que apareceste,
Amor,
Entre o teu abraço e a tua voz,
Quero morrer,
Tu que me dás paz,
Tu que me fazes dormir em sossego,
Onde andaste a minha vida inteira,
Tu amor,
Que tanto te procurei,
Tu! Pai dos meus seis filhos,
Que nunca tive,
Nem vou ter,
Ah! Sonho inacabado,
Tudo tinhas para ser perfeito,
Não existisse a minha imperfeição,
De querer tudo e todos sem defeito,
Agora só peço respeito,
E tudo amor,
O que me dás,
Muito mais do que ambicionei algum dia,
Encontrar num homem,
Porque mulher não é criada,
Nem amante por um instante,
Nem mãe de quem escolhe do seu lado,
Muito menos objeto,
Que se coloca numa prateleira e se olha,
Se usa e deita fora,
E porque homem não é aquele,
Que nos entreolha e domina,
Mas aquele que nos dá voz,
Aquele que diz que devemos ser melhores,
Aquele que nos empurra para a frente,
E não aquele que nos cala,
Aquele que está ali do nosso lado,
Mesmo não estando,
Aquele que confia,
E em quem confiamos,
Aquele que não nos mente,
E que é crescido ao ponto de ser autossuficiente.
Aquele que nos olha e diz,
Estás feia,
Poem-te bonita,
Fazes isso mal, vês como se cozinha,
Aquele que está ali,
Nos apoia e não nos irrita,
Aquele que é inteligente e nos diz,
Estuda comigo que eu te ajudo,
Estuda comigo e ensina-me,
Aquele que faz e não diz que faz,
Aquele que de tudo é capaz para nos fazer sorrir,
Aquele que desperta o que de bom há em nós,
E não aquele que nos desperta o pior de nós,
Aquele que nunca nos deixa sós,
Mesmo quando não está do nosso lado,
Aquele que sorri, quando gosta de nós.
Aquele que tudo merece,
Enfim, aquele que não nos enlouquece,
Mas estremece,
Aquele que tudo em volta enternece,
Porque sabe que quem está à nossa volta,
É importante e não nos quer ver distante,
Do nosso mundo,
Aquele que enlaça o nosso mundo com o dele,
E faz um universo de um abraço,
De um espaço,
Sem buracos negros ou medos,
Ou preconceito sem direito,
Aquele que nos liberta das imposições das mães,
De educação regrada e ultrapassada,
Mas aquele que a elas serve pães,
Comida e alimento,
Atenção e unguento,
Aquele que não nos revolta,
E respeita tudo à nossa volta,
Que entende e a mão nos estende,
E diz, se quiseres vem comigo,
Quando eu não quiser estar, não estou contigo.
Aquele que não olha só para o seu umbigo,
Aquele que não inveja, o que tens,
E quer ser mais, que a mulher,
Porque homem não tem o dever de nada,
Mas deve ter tudo de mão beijada,
Tal como nos dá, sem em troca pedir nada.
Elsa Pereira
30-11-2012
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