domingo, 23 de setembro de 2012

Pena não é sentimento para estar com alguém

Hoje olhando o passado 
relembro momentos
como tenho pena de não te dar apoio
agora que precisas,
mas se já amor não é,
restou pena,
não é sentimento que mereça,
ser considerado,
e por ele sacrificar o amor que já sinto,
por alguém que o merece,
e que mesmo que esteja longe,
não me esquece,
não esmorece e dá-me alegria,
aquela que sinto e sentia,
quando ao lado de meu avô quando criança,
cheia de esperança de ser mãe um dia,
caminhava lado a lado,
sem culpa ou culpado,
numa vida,
feita de tagarelice,
partilha e amizade,
sem idade que importe,
pois foi esta a minha sorte,
de encontrar uma pessoa boa,
não em Lisboa,
mas bem além,
alguém como ninguém,
num Alentejo fértil,
de trigo,
pão de uma solidão que já não sinto,
mesmo distante quase como do infinito,
mas que me acompanha e embranha,
nos braços,
e sentimentos,
que a distancia não consegue apagar.

Elsa Pereira.
23-09-2012

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Poesia num dia importante

Em Lisboa,
nenúfares no jardim do Hospital,
lembram a manhã de alegria,
quando recebi uma excelente notícia,
a notícia de que um dia,
se aparecer um filho,
de mim não vai herdar,
genéticamente,
cancro de mama...
e assim falo de uma forma aberta,
pois quem não tem medo a morte enfrenta,
com verdade e sinceridade



mais difícil é enfrentar a estrada da vida,
calçada que percorri tanta vez doente e desesperada
só ou acompanhada
duas linhas de eléctrico paralelas,
teimam agora em me acompanhar,
duas vidas paralelas separadas pela distância,
lembram a infância percorrida ao lado de quem confiava,
agora confio em ti!





                   



Cabisbaixa olhei a calçada,
e tantas vezes desesperada pensei na morte,
e como não queria tal sorte,
a cabeça levantei e lutei,



E agora hoje depois de uma boa noticia no Hospital,
regresso a casa de comboio,
Ah linha finita de vida de que muitos não se apercebem ser a sua,
pensando-a eterna enquanto dura.




Avista-se o comboio onde embarco,
aliviada,  com esperança sem adivinhar que no dia seguinte,
teria dores que me iriam acompanhar pelo menos até hoje quando escrevo,
hoje quase sem me conseguir levantar,
lá me esforcei e a minha segunda exposição continuei a preparar,
exposição de pintura,
que se afigura,
simples e leve,
"Um voo na paisagem"

Elsa Pereira
21-09-2012






















Porquê?

Porque é que a dor,
da nossa vida tira a cor?
Hoje sinto-me cinza moída,
de uma erupção vulcânica,
forte, sonora e agressiva,
que atira pedras,
para o ser vivo indefeso,
eu cinza,
ser vivo ileso,
dorido sentido e vivo,
Cor onde estás?
Vem colorir a minha vida e telas,
em doces aguarelas,
vem pintar com palavras,
as águas que se avizinham,
neste Outono da vida,
em que folhas caem e cinza se espalha e espelha,
numa centelha de vida,
que recomeça agora,
vem vamos embora,
cores para a tela,
para que eu possa olhar para ela e para ti!

Elsa Pereira.
21-09-2012

Mensagem de hoje da Elsa, dia 21-09-2012

Neste momento estou a preparar a minha segunda exposição de pintura e primeira apresentação de poesia ao grande público, entretanto voltaram dores nas pernas que me impedem de estar muito tempo de pé ou a caminhar, vou iniciar a natação em Outubro, talvez. Começam as aulas que dou como voluntária em Alenquer, Lisboa, Portugal. Dou explicações e apoio educativo a todas as disciplinas escolares do currículo da escola pública de Portugal, ensino básico e secundário, excepto Português e Francês. Espero com sinceridade poder continuar nesta vida mais tempo, porque quando esta acabar não há outra e tento fazer o máximo que a saúde me permite e que a conjectura social e económica de Portugal me permite, pois neste País à beira mar plantado, pouco se apoia pessoas que sejam criativas, apoiam-se sim aquelas que copiam e seguem linhas predeterminadas sem imaginação mas que são rentáveis em termos monetários.Para me sentir viva, pinto e escrevo, agradeço a quem me vai lendo.
Obrigada Simplesmente
Elsa Pereira.

21-09-2012

Vida em lilás

olho,
suspiro,
doce e terno,
momento de espera,
não desespero,
porque te sinto em mim,
mesmo ali,
mesmo quando estás longe,
e estás,
vida em lilás,
fugaz,
dores físicas me incomodam,
mas não me acomodam nesta vida,
acordo,
ponho o pé no chão e a dor é tão intensa,
que lembra um suspiro,
numa treva imensa,
Aiiiii,
coração,
será que aguentas ou não,
analgésicos,
e glucosamina,
olha até aguentares,
sei lá,
é bom esperares por quem te ama,
aquele que não te ama pela rama,
traz alegria no rosto e um sorriso para pôr no teu,
mesmo ao teu gosto,
há melhor analgésico para a dor do que um sorriso?
porquê, agora que te encontrei,
estas dores,
sofrimento sem cores.
Há dias melhores em que esqueço e não esmoreço,
sinto e esqueço,
há outros no entanto em que a solidão agrava,
esta dor que me trava, de estar de pé,
e me faz sentir ardor,
por te rever.

Elsa Pereira.
21-09-2012

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Acordar

Bom dia...dia feliz,

Acordar,
acordar com um sorriso,
sonho impreciso,
deste-me insónias durante tanto tempo,
afasta-te de mim tu que as provocas,
tu que invocas o amor no teu egoísmo,
de chantagem e inconformismo,
eu quero dormir em paz,
sorrir e ter uma vida que me apraz,
com amor, amizade e sinceridade,
acima de tudo confiança,
e de insónias,
nem lembrança,
quero ainda ter esperança e ter ao meu lado,
quem me ama de verdade,
respeita e é sincero,
aquele que nem sempre o diz mas que sei que sente,
afinal palavras são nadas e diz-se muito mais,
quando nada se diz,
quando se está ali do lado,
a lutar pelo mesmo sonho,
a dar apoio sem pedir nada em troca,
assim é a vida direita e não torta,
é assim que quero viver uma estrada,
de linhas paralelas,
e não ao ziguezague,
estonteada e cansada.

Elsa Pereira.
19-09-2012

Sê e faz

Penso e resisto,
luto arregaço as mangas,
para enfrentar cada dia,
para conseguir fazer algo que queria,
quero, não espero,
e espero mas ao fim de algum tempo desespero,
enfim de tanto lutar e esperar,
por uma oportunidade,
se ela aparecer, faz por a ter,
agarra-a,
com garra e saber,
de aprendiz humilde e feliz,
faz por ti,
produz para ti,
nem que sejam palavras em verso,
nem que sejam ideias no papel,
ou telas pintadas com pincel,
cria para ti,
e pode ser que os outros algum dia,
olhem, vejam,
e te protejam da maldade,
da inveja e da falsidade,
pode ser que encontres quem te compreenda,
quem te entenda,
quem leia o que escreveste e veja o que pintaste,
um dia pode ser que depois de morto,
depois da viagem,
enriqueças de dinheiro os abutres,
que ficaram vivos,
e à custa de cultura morta sobrevivem,
sem ter dado uma oportunidade à carcaça de viver,
com graça.

Elsa Pereira.
17-09-2012

domingo, 16 de setembro de 2012

Preparando exposição de Outubro, na biblioteca de Carregado, concelho de Alenquer







 e o resultado final foi
nós os peixes e a montanha
gouache sobre tela
















e resultou 
voando sobre a paisagem,
gouache sobre tela

"Nunca sei o que vai resultar cada tela é uma experiência nova, é um novo misturar de cores,
um definir de formas que surgem do nada,
que surgem do interior,
do profundo do meu ser"

Elsa Pereira
17-09-2012

singelo ser


Cresceu á minha janela do quarto,
floriu,
olhou o seu reflexo no vidro,
e até parece que sorriu,
para o azul do céu,
abriu,
floresceu,
e o meu dia amanheceu,
bem mais colorido,
por este ser vivo,
que se olha e mira,
e reflecte,
mas não se submete,
à imensidão azul,
contrapondo a sua beleza com destreza,
numa janela,
que se quer aberta e desperta,
infinitamente para o mundo,
que se fecha num segundo,
sempre que o mundo imundo,
por ela tenta entrar,
aqui só entra luz, céu,
e este olhar,
o teu,
simples,
singelo,
desse ser que de tudo tem de Belo.

Elsa Pereira
14-09-2012

Poema em V


Visitei o lobo,
bem na toca,
amor despertaste em mim segurança,
dás-me esperança e apoio,
confiança tenho em ti,
acredito na tua seriedade lealdade sem fim,
entre cabaças e jasmim,
rosmaninho e alecrim que dão cor,
às Searas alentejanas,
profanas,
reflexo da Lua,
bem cheia,de amor,
carinho e alento,
lobo bom não veste capa de ovelha,
é lindo e deu-me abrigo,
alento colorido,
e segurança para enfrentar lobos maus com pele de ovelha,
confiança nesta esperança de te rever,
de te ter,
saudade da tua liberdade,
daquela que me sabes dar,
enfim amar.

Elsa Pereira.
14-09-2012

Para ti V

amor perfeito


Amores perfeitos,
são cravos que despontam,
num Alentejo,
e encontram,
o amor a sul do Tejo,
em lugar reservado,
ali ensolarado,
recôndito e restrito,
livre e infinito

15-09-2012
Elsa Pereira.

Que mais desejar?

Busca infinita por um pai,
Para o meu filho,
Agora que te encontrei desesperei por sentir,
Que a mãe que eu seria,
Já não tem razão de existir,
Que seria tão egoísta,
Se um filho tivesse,
Seria pôr no mundo,
Um ser indefeso,
Doente hereditariamente,
Neste mundo demente,
Neste mundo,
Que tudo tem de diferente,
Daquele em que vivi,
Quando criança cheia de esperança,
De encontrar um pai,
Para a minha família de alegria,
De mãe que esperava ser,
Tanto procurei e por três vezes errei,
Tanto não disse,
Pois se sentisse que te tinha encontrado,
Como o sinto agora,
Teria um filho sem demora,
Triste agora,
a vida foi madrasta para mim,
Vergasta que me castigou,
E não me amou.

17-09-2012
Elsa Pereira.








Que mais posso desejar agora 
senão te amar,
respeitar e viver,
enfim ser o que sempre quis,
da vida aprendiz,
menos mãe,
que tanto ansiei,
enfim quem disse que todos os sonhos são possíveis,
tinha de faltar um,
ou a vida seria demasiado perfeita,
sortuda sou por me ter encontrado,
por te ter encontrado,
neste lugar inóspito,
que tanto tem de céu como de inferno,
como um círio,
num olhar procurei
infinitamente,
a alegria,
pois de tristezas estou enfartada,
por tudo e por nada

17-09-2012
Elsa Pereira.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Para ti amor...

Levantei
do sono de uma escuridão ultrapassada,
entre o tudo e o nada,
pisei a realidade e vacilei,
estonteei de saudade,
quebra de tensão,
bebi um café comi algo doce,
transpirei suor frio,
e assim acordei,
sentei e escrevi,
o que sinto e senti,
sem ti ao meu lado embora sempre presente,
desde o momento em que vi a sinceridade,
nas tuas palavras o conforto,
de confiar em ti,
na tua lealdade,
embora não jurasses fidelidade,
foste sincero,
assim te vejo e amo,
na paz de te sentir presente mesmo ausente.
Sim porque um homem quando se diz fiel,
mente e esconde o que sente,
tu não,
és sincero, meigo e terno,
realista, sonhador e desespero,
por te rever.

Elsa Pereira.
12-09-2012





Avista-se o horizonte indefinido,
finito,
assim o sinto,
só com a vida feita em pó
tu aí eu aqui,
e uma distância física que nos separa,
desampara na multidão,
que agride a liberdade,
que critica formas de ver, sentir e ser,
que agride a vontade desta saudade de te ter,
ao meu lado,
pensando em liberdade, sem planear o futuro,
vivendo o presente com pé assente,
na realidade e verdade.

Elsa Pereira.
12-09-2012






agora cansada e feliz,
espero a tua chegada por aqui,
desta vida ainda sou aprendiz,
e aprenderei vida inteira,
sigo-te na raíz,
do pensamento sem tormento,
aprendemos lado a lado,
tu não tanto comigo,
mas eu contigo,
dou-te a liberdade que me dás e respeito que me apraz,
gosto de ti simplesmente e por ti espero,
por ti sinto o que nunca por ninguém senti,
tagarelas os dois,
eu quando só e silêncio pintando aguarelas,
em cabaças ou em telas,
lembranças singelas,
de dores sem pranto,
que transformaste em encanto e alegria,
séria sem folia.

Beijinhos
Ao fim do dia

Elsa Pereira.
12-09-2012

Acordei...assim


sábado, 8 de setembro de 2012

um caso

Discriminação,
neste Portugal,
que um dia foi de todos,
agora de ti vil metal,
que seduzes até as cruzes que se cruzam no teu caminho,
só tenho escárnio e mal dizer,
de ti escarneço, e mais digo a ganância que provocas,
e invocas em teu nome faz-me dizer:
poderá o Humano ser tão desumano,
ao ponto de sacrificar quem esteve três anos,
sem poder trabalhar porque esteve doente?
Porque lhe apareceu cancro,
discriminando este humano e pondo-o a um canto,
sem sequer dar-lhe a oportunidade de trabalhar,
dando-lhe uma esmola que não chega para pagar as despesas,
fazendo-o ser escravo, como se já não bastasse a doença,
o que merecem, que me suicida?
Não porque amo a vida,
mas contra assassinos não luto,
prefiro cuspir-lhes no cucuruto oco,
esse conjunto de prostitutos,
e lutar com as minhas armas,
que não são tiros de carabina,
mas inteligência despida de preconceito,
as minhas mãos.

8-09-2012
Elsa Pereira.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

linhas paralelas em Évora...lembrança de momentos, poema




Duas linhas,
caminhos paralelos,
de sentimentos doridos,
magoados e sentidos,
duas vidas,
a minha acabada,
sentimento de caminho finito,
entre um sorriso e uma dor,
o amor,
em paisagem alentejana,
num dia de calor,
o amor por te sentir Alentejo,
alem do Tejo,
ali expedito,
com uma força a ti inerente,
de rudeza, beleza com idade,





e um cavalo solitário,
comendo erva, feno,
de alento de felicidade



as amoras altaneiras no Louredo,
arvoredo de saudade de Amor,
adocicado, negro e seco,
bem regado com
carinho,
num caminho percorrido,
quase em silêncio a ouvir-te,
em sofrimento com dores sem alento,
mas só físicas,
pois amei o caminho que floreei,
adorei o que vi e ouvi,
na paisagem, recheada de linhagem de plantas,
prantos de amantes,
que se erguem em pedras,
regras de sociedade,





ali parasitando a paisagem um fungo,
mundo imundo,
que admites parasitas,
mas fazem parte da sociedade,
porque não admiti-los sem veleidade,
já que na natureza nada se perde, tudo se transforma em norma.
adorna o tronco morto,
qual escroto de vida,
produtor de biomassa,
entre um riso e graça,
ali sentei,
mas como não sou de ficar parada, bichinho carpinteiro,
levantei velada, descansada,
seguimos o caminho




cardos altos delinearam-se na paisagem,
libertando suas sementes,
bem desenvolvidos,
volvidos de prazer,
por se disseminarem


contrastes de paisagem,
ali se erguem loureiros,
altaneiros,
como as amoras, misto de cores e odores,
em cores quentes,
contornos sedutores,
entre flores e líquenes

líquenes que se erguem,
em árvore alentejana,
ali solitária,
bem acompanhada de tudo e nada,
de paisagem seca e sentimentos fortes,
sem ansiar mortes,
sortes,
de muitos sem dores,
mas com amor tudo se suporta e aprecia até a dor física,
de te deixar Alentejo, 
solfejo
de amor, ali abandonado no montado,
entre a realidade e a imaginação,
na saudade do coração,
grata de paixão,
saudade da tua voz e de canto partilhado,
sentido entre
o montado alentejano,
profano e aluado,
em Évora,
para além do Tejo,
solfejo de saudade.

6-09-2012

Elsa Pereira

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Alentejo de minh'alma

Alentejo de minh'alma,
fazes ter calma,
esperança e paz entre sossego audaz,
numa planície, ladeada por montes,
encontram-se fontes e pontes,
recortadas na paisagem,
imagem feliz,
da qual sou aprendiz,
já sei a realidade que ali me liberta entre sossego,
e mente desperta,
da dor física de te deixar,
ali abandonado,
entre sonho e realidade,
Alentejo de saudade,
és perene enquanto tiveres gentes,
e mentes despertas,
abertas e libertas,
de preconceito citadino
de Portugal o hino.

3-09-2012
Elsa Pereira.