Duas linhas,
caminhos paralelos,
de sentimentos doridos,
magoados e sentidos,
duas vidas,
a minha acabada,
sentimento de caminho finito,
entre um sorriso e uma dor,
o amor,
em paisagem alentejana,
num dia de calor,
o amor por te sentir Alentejo,
alem do Tejo,
ali expedito,
com uma força a ti inerente,
de rudeza, beleza com idade,
e um cavalo solitário,
comendo erva, feno,
de alento de felicidade
as amoras altaneiras no Louredo,
arvoredo de saudade de Amor,
adocicado, negro e seco,
bem regado com
carinho,
num caminho percorrido,
quase em silêncio a ouvir-te,
em sofrimento com dores sem alento,
mas só físicas,
pois amei o caminho que floreei,
adorei o que vi e ouvi,
na paisagem, recheada de linhagem de plantas,
prantos de amantes,
que se erguem em pedras,
regras de sociedade,
ali parasitando a paisagem um fungo,
mundo imundo,
que admites parasitas,
mas fazem parte da sociedade,
porque não admiti-los sem veleidade,
já que na natureza nada se perde, tudo se transforma em norma.
adorna o tronco morto,
qual escroto de vida,
produtor de biomassa,
entre um riso e graça,
ali sentei,
mas como não sou de ficar parada, bichinho carpinteiro,
levantei velada, descansada,
seguimos o caminho
cardos altos delinearam-se na paisagem,
libertando suas sementes,
bem desenvolvidos,
volvidos de prazer,
por se disseminarem
contrastes de paisagem,
ali se erguem loureiros,
altaneiros,
como as amoras, misto de cores e odores,
em cores quentes,
contornos sedutores,
entre flores e líquenes
líquenes que se erguem,
em árvore alentejana,
ali solitária,
bem acompanhada de tudo e nada,
de paisagem seca e sentimentos fortes,
sem ansiar mortes,
sortes,
de muitos sem dores,
mas com amor tudo se suporta e aprecia até a dor física,
de te deixar Alentejo,
solfejo
de amor, ali abandonado no montado,
entre a realidade e a imaginação,
na saudade do coração,
grata de paixão,
saudade da tua voz e de canto partilhado,
sentido entre
o montado alentejano,
profano e aluado,
em Évora,
para além do Tejo,
solfejo de saudade.
6-09-2012
Elsa Pereira
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